quinta-feira, 2 de outubro de 2014

A Ilusão Do Sufrágio Universal de Mikhail Bakunin Analisado

Os homens acreditavam que o estabelecimento do sufrágio universal garantia 
a liberdade dos povos. Mas infelizmente esta era uma grande ilusão e a
compreensão da ilusão, em muitos lugares, levou à queda e à desmoralização 
do partido radical. Os radicais não queriam enganar o povo, pelo menos assim 
asseguram as obras liberais, mas neste caso eles próprios foram enganados. 
Eles estavam firmemente convencidos quando prometeram ao povo a
liberdade através do sufrágio universal. Inspirados por essa convicção, eles 
puderam sublevar as massas e derrubar os governos aristocráticos
estabelecidos. Hoje depois de aprender com a experiência, e com a política do 
poder, os radicais perderam a fé em si mesmos e em seus princípios derrotados 
e corruptos. Mas tudo parecia tão natural e tão simples: uma vez que os
poderes legislativo e executivo emanavam diretamente de uma eleição
popular, não se tornariam a pura expressão da vontade popular e não
produziriam a liberdade e o bem estar entre a população? 
É bem familiar com o processo politico e eleitoral brasileiro, Bakunin no século XIX sem qualquer pretensão previa o que aconteceria mais de 100 anos depois de sua morte no Brasil, pois temos partidos de esquerda que acreditam que o estado seria uma via para melhores condições de vida das classes populares, mas com os 12 anos de Governo de Lula e Dilma essa tese foi por terra faz tempo, porque inclusive quem chega ao poder se alia a aristocratas, assim também foi os 8 anos de governo FHC com a aliança ao antigo PFL(Hoje DEM), partido composto por politicos alinhados a Ditadura Militar e outros setores reacionários da sociedade, e não podemos nos esquecer do PMDB o partido mais fisiológico e governista da história, que conta com alas elitistas aos montes.
Toda decepção com o sistema representativo está na ilusão de que um governo 
e uma legislação surgidos de uma eleição popular deve e pode representar a 
verdadeira vontade do povo. Instintiva e inevitavelmente, o povo espera duas 
coisas: a maior prosperidade possível combinada com a maior liberdade de 
movimento e de ação. Isto significa a melhor organização dos interesses
econômicos populares, e a completa ausência de qualquer organização política 
ou de poder, já que toda organização política se destina à negação da
liberdade. Estes são os desejos básicos do povo. Os instintos dos governantes, 
sejam legisladores ou executores das leis, são diametricamente opostos por
estarem numa posição excepcional. 
Aqui há uma clara oposição entre a vontade popular e os interesses da classe politica que se escora no poder financeiro, portanto enquanto os engravatados mantem seus jogos de interesses em Brasilia e outros lugares há milhões de pessoas que não tem um teto para morar, nada para comer, e nem perspectiva de melhorias em suas vidas, pois os deputados, senadores, vereadores , governadores, etc. estão mais preocupados em se manterem no poder ganhar rios de dinheiro público e manterem seus privilégios, mesmo que para isso tenham de eliminar liberdades civis para não serem incomodados pelos movimentos sociais de oposição, e muitas vezes se utilizam da mídia corporativa que faz esse trabalho sujo para eles.
Por mais democráticos que sejam seus sentimentos e suas intenções, atingida 
uma certa elevação de posto, vêem a sociedade da mesma forma que um
professor vê seus alunos, e entre o professor e os alunos não há igualdade. De 
um lado, há o sentimento de superioridade, inevitavelmente provocado pela 
posição de superioridade que decorre da superioridade do professor, exercite 
ele o poder legislativo ou executivo. Quem fala de poder político, fala de
dominação. Quando existe dominação, uma grande parcela da sociedade é
dominada e os que são dominados geralmente detestam os que dominam, 
enquanto estes não têm outra escolha, a não ser subjugar e oprimir aqueles que 
dominam. Esta é a eterna história do saber, desde que o poder surgiu no 
mundo. Isto é, o que também explica como e porque os democratas mais 
radicais, os rebeldes mais violentos se tornam os conservadores mais
cautelosos assim que obtêm o poder. Tais retratações são geralmente
consideradas atos de traição, mas isto é um erro. A causa principal é apenas a 
mudança de posição e, portanto, de perspectiva. 
O ser Humano não pode em hipótese nenhuma ter poder sobre os outros, pois o poder gera opressores e oprimidos, uma semente de um absolutismo absurdo, e até Harry Potter e As Reliquias da Morte Dumbledore diz a Harry: -As reliquias só serão encontradas por quem não quiser utiliza-las para ter poder, sendo que para mim as reliquias da Morte são representações metafóricas da liberdade e da prosperidade coletiva.
Na suíça, assim como em outros lugares, a classe governante é completamente 
diferente e separada da massa dos governados. Aqui, apesar da constituição 
política ser igualitária, é a burguesia que governa, e é o povo, operários e
camponeses, que obedecem suas leis. O povo não tem tempo livre ou
educação necessária para se ocupar do governo. Já que a burguesia tem
ambos, ela tem de ato, se não por direito, privilégio exclusivo. Portanto, na 
Suíça, como em outros países a igualdade política é apenas uma ficção pueril, 
uma mentira. 
Separada como está do povo, por circunstâncias sociais e econômicas, como 
pode a burguesia expressar, nas leis e no governo, os sentimentos, as idéias, e 
a vontade do povo? É possível, e a experiência diária prova isto. Na legislação 
e no governo, a burguesia é dirigida principalmente por seus próprios
interesses e preconceitos, sem levar em conta os interesses do povo. É verdade 
que todos os nossos legisladores, assim como todos os membros dos governos 
cantonais são eleitos, direta ou indiretamente, pelo povo. 
É verdade que, em dia de eleição, mesmo a burguesia mais orgulhosa, se tiver 
ambição política, deve curvar-se diante de sua Majestade, a Soberania
Popular. Mas, terminada a eleição, o povo volta ao trabalho, e a burguesia, a 
seus lucrativos negócios e às intrigas políticas. Não se encontram e não se
reconhecem mais. Como se pode esperar que o povo, oprimido pelo trabalho e 
ignorante da maioria dos problemas, supervisione as ações de seus
representantes? Na realidade, o controle exercido pelos eleitores aos seus
representantes eleitos é pura ficção, já que no sistema representativo, o
controle popular é apenas uma garantia da liberdade do povo, é evidente que 
tal liberdade não é mais do que ficção.
Para fechar a parte que diz como a classe política é altamente egocêntrica e voltada apenas para seus próprios interesses e falsos preceitos, de como os engravatados legislam em causa própria, apenas visando aumentarem seus poderes e seus patrimônios dilapidando os cofres públicos, e fazendo farra com o suor do trabalhador e de forma arrogante extraem mais-valia de todos os lados através de pesados tributos.

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